domingo, 11 de agosto de 2013

O que há de errado com meu pai?

            Alguém já disse:"E importante gastar menos tempo com nossa aparência e mais tempo com o modo como nós vemos?Senão alguém deveria dizer.
                                         (Carmen Richardson Rutlen)


Eu estava no ensino fundamental antes de perceber que meu pai tinha um defeito de nascença.
Ele tinha lábio leporino e fenda palatina, mas para mim,continuava com a mesma aparência que tinha no dia em que nasci. Lembro-me de dar-lhe um beijo de boa noite certa vez, quando eu era pequena,e perguntar se meu nariz ficaria chato depois de um vida inteira dando beijos. Ele me assegurou que isso  não aconteceria,mas me recordo de um tremor em seus olhos.Tenho certeza de que ele estava assombrado por ter uma filha que o amava tanto, que pensava que seus beijos, não 33 cirurgias,haviam remodelado seu rosto.
     Meu pai sempre gentil,paciente,atencioso e amoroso. Ele nunca encontrou uma pessoa em quem não é   pudesse vislumbrar qualidades. Sabia o primeiro nome de serventes,secretárias e diretores. na verdade, acho que ele gostava mais dos serventes. Sempre perguntava sobre suas famílias, sobre quem eles achavam que iria ganhar o campeonato de futebol e sobre como andava a vida.Preocupava-se o suficiente para escutar suas respostas e lembrar-se delas.
     Papai nunca deixou que sua deformação comandasse sua vida.
Quando foi considerado muito feio para trabalhar com vendas,começou a fazer entregas de bicicleta e criou sua própria clientela. Quando o exército não permitiu que ele se alistasse, ele se ofereceu como voluntário.
Chegou até mesmo a convidar um Miss América para sair,uma vez.
_Se você não perguntar, nunca vai saber-disse-me mais tarde.
Raramente falava ao telefone,pois as pessoas tinham dificuldade  para entende-lo.  Quando o encontravam pessoalmente, com sua atitude positiva e sorriso fácil, pareciam não levar sua deficiência em consideração
Casou-se com uma mulher linda e tiveram sete crianças saudáveis que achavam,todas, que o sol e a lua nasciam em seu rosto.
Quando eu era uma "adolescente sofisticada",entretanto,mal tolerava estar no mesmo aposento com esse homem que, durante uma década, me aturou enquanto eu o observava fazendo a barba todas as manhãs.
Meus amigos eram chiques, andavam na moda e eram populares;meu pai era velho e ultrapassado.
  Numa noite eu cheguei com o carro cheio de amigos e paramos na minha casa para fazer um lanche de madrugada.Meu pai saiu do seu quarto e cumprimentou meus amigos,servindo refrigerantes e servindo pipoca. Um de meus amigos me puxou para o lado e me perguntou:
-Oque há da errado com seu pai?
De repente, olhei através da da cozinha e o vi pela primeira vez com olhos imparciais.Fiquei chocada.
Meu pai era um monstro! Fiz com que todos saíssem imediatamente e levei-os para casa. senti-me tão
idiota.com podia ter deixado de ver?
  Mais tarde, naquela noite, eu chorei, não porque percebi que meu pai era diferente, mas porque percebi
que pessoas fútil e patética eu estava me tornando. Ali estava a pessoa mais doce e carinhosa que você poderia imaginar e eu o havia julgado por sua aparência . Naquela noite eu aprendi que, quando você ama totalmente alguém e então a vê através dos olhos da ignorância, do medo ou do desprezo,começa a entender a profundidade do preconceito.Eu havia visto meu pai como os estranhos o viam, como alguém
diferente , deformado e anormal.Sem lembrar que ele era uma boa pessoa que amava sua esposa,seus filhos e seus semelhantes. Ele tinha alegrias e tristezas e já vivera uma vida inteira sendo julgado pelas pessoas por
sua aparência. Fiquei grata por te-lo conhecido primeiro,antes que as pessoas me mostrassem seus defeitos.
Papai já se foi. Empatia, compaixão e preocupação pelo próximo são o  legado que ele nos deixou.São os maiores presentes que os pais podem dar a um filho- a capacidade de amar os outros sem considerar sua posição social, raça , religião ou incapacidades físicas, mas o dom da perseverança positiva e do otimismo.
O sublime objetivo de ser tão amorosa em minha vida que receba beijos o bastante para que meu nariz fique chato.        (História tirada do livro:Histórias para aquecer o coração Carol Darnell)

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