quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Rubem Alves

Rezemos:
Pai...  Mãe... de olhos mansos:
sei que estás invisível a todas as coisas.
Que o teu nome me seja doce,
a alegria do meu mundo.
Traze-nos as coisas boas em que tens prazer:
o jardim, as fontes, as crianças, o pão e o vinho, os gestos ternos,
as mãos desarmadas, os corpos abraçados...
Sei que desejas dar-me o meu desejo mais fundo,
desejo que esqueci...
Mas tu não esqueces nunca.
Realiza, pois o teu desejo para que eu possa rir.
Que o teu desejo se realize em nosso mundo, da mesma forma como ele pulsa em ti.
Concede-nos contentamento nas alegrias de hoje: o pão, a água, o sono...
Que sejamos livres da ansiedade.
Que nossos olhos sejam tão  mansos para com os outros como os teus o são para conosco.
Porque se formos ferozes não poderemos acolher a tua bondade.
E ajuda-nos para que não sejamos enganados pelos desejos maus
e livra-nos daquele que carrega a morte dentro dos próprios olhos.  Amém.  (R.Alves)

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